Ele não te merecia
mas
olha a postura
vá, maquilha-te um pouco
não ocupes tanto espaço
Como queres assim encontrar alguém que te mereça?
E ele
ocupando infinitamente mais espaço
do que o estritamente necessário
enchendo-o de vazio e de palavras contruídas
especialmente para ti
(igualmente, para todas)
leva-te a crer que
se não for ele
é a solidão
e não há nada pior do que viver
sem alguém para nos tornar miseráveis.
Ele não te merecia
dizem
enquanto te (...)
Um dia vais estar em casa
ou na rua, a fazer a tarefa mais mundana:
a lavar o cabelo
a arrumar um armário
a encher o depósito
a comprar pão
e vais franzir o sobrolho porque
um peso que dormitava em ti há meses
levantou-se
Não vais encontrar o ponto em que deixaste de
querer deixar de existir
(que não é o mesmo que querer morrer)
e respirar vai voltar a ser um acto inconsciente
O coração é como a cauda de um lagarto:
a cada regeneração perde um pouco de si
nada (...)
Apercebo-me agora de que devia ter escrito esta publicação a semana passada, mas ainda há tempo para os interessados. Esta última semana foi a semana vegetariana de 2017. Há uns tempos subscrevi um canal de youtube, apenas por curiosidade, chamado Raw Alignment,que é de uma rapariga americana que decidiu tornar-se vegan e criou uma empresa que vende productos com base nos termos da dieta vegan. Inicialmente ela até adoptou uma dieta à base de alimentos não cozinhados mas, quem (...)
És Primavera e esplendorE no teu corpo brotam pétalasQue me fogem por entre as mãos.Eu, sou todo eu um cardo,Um não saber amar-te ao certo,Decepador das nascesças do teu coração.És Primavera e esplendorE eu, ateia-fogos que nunca aprendeuA atravessar sem medo o teu jardim.Talvez, se eu acreditasse em Deus,Te reconhecesse como milagreE as minhas mãos calejadas não fossem tão incapazes.Mas não foi Deus quem a mim te trouxe;Tivesse sido e dar-me-ia ao certo um coração aberto,Um (...)
És Primavera e esplendorE no teu corpo brotam pétalasQue me fogem por entre as mãos.Eu, sou todo eu um cardo,Um não saber amar-te ao certo,Decepador das nascesças do teu coração.És Primavera e esplendorE eu, ateia-fogos que nunca aprendeuA atravessar sem medo o teu jardim.Talvez, se eu acreditasse em Deus,Te reconhecesse como milagreE as minhas mãos calejadas não fossem tão incapazes.Mas não foi Deus quem a mim te trouxe;Tivesse sido e dar-me-ia ao certo um coração aberto,Um (...)
Sabes as coisas que me dizes No silêncio que a par vamos suspirando Quando ainda o orvalho Que a tempestade que criámos deixou Escorre por entre o campo de batalha Dos nossos corpos E de peito rimbombante Me descompasso no calor Deste quarto arrefecido São essas coisas que nas manhãs solitárias Me sorriem de mansinho E as horas tornam-se tão suaves Quanto os teus dedos esguios A bordar a minha pele a carmesim São essas coisas que me dizes Que eu tenho talhadas no meu peito A carta (...)
Sabes as coisas que me dizes No silêncio que a par vamos suspirando Quando ainda o orvalho Que a tempestade que criámos deixou Escorre por entre o campo de batalha Dos nossos corpos E de peito rimbombante Me descompasso no calor Deste quarto arrefecido São essas coisas que nas manhãs solitárias Me sorriem de mansinho E as horas tornam-se tão suaves Quanto os teus dedos esguios A bordar a minha pele a carmesim São essas coisas que me dizes Que eu tenho talhadas no meu peito A carta (...)
Queria um lugar a que chamar casaE encontrei-te a tiDeste-me um chão com asasQue é como todo o amor devia serSaber que se pode partirQuerendo ficarSaber que quando se parteTambém se ficaNas raízes de uma outra metadeQueria um lugar a que chamar casaE encontrei um lar no nome que te deiCarina Pereira, 12 de Novembro de 2015
Chama o meu nome, assim, como só tu sabes Saboreia-o na tua língua, lentamente, como só tu sabes Gasta o teu tempo nele, até que se gaste E te soe estranho na garganta. Chama o meu nome, assim, como só tu sabes Para que eu não saiba senão seguir-te Seguir a doçura do meu nome, como só tu o sabes dizer. Sussurra assim o meu nome, como só tu sabes; Amar-te-ei, como só eu sei. Carina Pereira, 24 de Outubro de 2015
Ah, quem me dera que a saudade Fosse uma palavra por inventar! Senti-la sem lhe dar nome, Senti-la sem saber Como, ao senti-la, a chamar Ah, quem me dera que a saudade Fosse uma palavra por inventar! Não te diria “tenho saudade” Diria: “volta logo!” “Há amor que só a ti te posso dar” Ah, quem me dera que a saudade Fosse uma palavra por inventar... Tavez sem nome eu não soubesse Que só nela sei morar Carina Pereira, 27 de Setembro de 2015
Ah, quem me dera que a saudade Fosse uma palavra por inventar! Senti-la sem lhe dar nome, Senti-la sem saber Como, ao senti-la, a chamar Ah, quem me dera que a saudade Fosse uma palavra por inventar! Não te diria “tenho saudade” Diria: “volta logo!” “Há amor que só a ti te posso dar” Ah, quem me dera que a saudade Fosse uma palavra por inventar... Tavez sem nome eu não soubesse Que só nela sei morar Carina Pereira, 27 de Setembro de 2015
Uma tem brincos de lágrima, A outra, no alfinete, um caracol E o meu coração vai balançando, Não sabe se a Norte ou se a Sul. Trinam a modos de pranto E dizem, baixinho, entre as cordas, Vem até mim, vem, meu Fado, Vamos cantar cantigas novas. Uma tem livros na lapela, A outra sete colinas; Se chora é o cantar do estudante, Se carpe é o pregão da varina. Numa sou fado menor, A outra serenatas faço; Falam-me as duas de amor, Tom acima ou tom abaixo. São as minhas Portuguesas, De (...)
Uma tem brincos de lágrima, A outra, no alfinete, um caracol E o meu coração vai balançando, Não sabe se a Norte ou se a Sul. Trinam a modos de pranto E dizem, baixinho, entre as cordas, Vem até mim, vem, meu Fado, Vamos cantar cantigas novas. Uma tem livros na lapela, A outra sete colinas; Se chora é o cantar do estudante, Se carpe é o pregão da varina. Numa sou fado menor, A outra serenatas faço; Falam-me as duas de amor, Tom acima ou tom abaixo. São as minhas Portuguesas, De (...)
Fui à casa da vizinha Pedir açúcar emprestado; Ela deu-me o coração E eu, Azedo e sombrio, Fiquei mais adocicado E o bolo, Feito num forno outrora frio, Ficou tão bom Que era pecado. Carina Pereira, 25 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"
Fui à casa da vizinha Pedir açúcar emprestado; Ela deu-me o coração E eu, Azedo e sombrio, Fiquei mais adocicado E o bolo, Feito num forno outrora frio, Ficou tão bom Que era pecado. Carina Pereira, 25 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"
Guardei o tempo num bolso Para ele não fugir, Mas o bolso estava roto E lá se foi o tempo, e o meu esforço, Para ele não se ir. O tempo que guardei num bolso, É como qualquer outro tempo: Não torna a vir. Carina Pereira, 16 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"
Guardei o tempo num bolso Para ele não fugir, Mas o bolso estava roto E lá se foi o tempo, e o meu esforço, Para ele não se ir. O tempo que guardei num bolso, É como qualquer outro tempo: Não torna a vir. Carina Pereira, 16 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"
Tenho toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor, Mas não tenho a quem os dar. Se tivesse a quem os dar, Não teria toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor. Antes assim, Que pior do que faltar o amor É faltar a poesia. Carina Pereira, 8 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"
Tenho toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor, Mas não tenho a quem os dar. Se tivesse a quem os dar, Não teria toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor. Antes assim, Que pior do que faltar o amor É faltar a poesia. Carina Pereira, 8 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"