Ele não te merecia
mas
olha a postura
vá, maquilha-te um pouco
não ocupes tanto espaço
Como queres assim encontrar alguém que te mereça?
E ele
ocupando infinitamente mais espaço
do que o estritamente necessário
enchendo-o de vazio e de palavras contruídas
especialmente para ti
(igualmente, para todas)
leva-te a crer que
se não for ele
é a solidão
e não há nada pior do que viver
sem alguém para nos tornar miseráveis.
Ele não te merecia
dizem
enquanto te (...)
Um dia vais estar em casa
ou na rua, a fazer a tarefa mais mundana:
a lavar o cabelo
a arrumar um armário
a encher o depósito
a comprar pão
e vais franzir o sobrolho porque
um peso que dormitava em ti há meses
levantou-se
Não vais encontrar o ponto em que deixaste de
querer deixar de existir
(que não é o mesmo que querer morrer)
e respirar vai voltar a ser um acto inconsciente
O coração é como a cauda de um lagarto:
a cada regeneração perde um pouco de si
nada (...)
Ando a ouvir a auto-biografia de Gene Wilder e, a certa altura, apareceu este poema.Acredito que, como já foi dito e demonstrado várias vezes, a poesia possa ser uma cura.Para quem precisar: auto-mediquem-se. Carina Pereira
Sabes as coisas que me dizes No silêncio que a par vamos suspirando Quando ainda o orvalho Que a tempestade que criámos deixou Escorre por entre o campo de batalha Dos nossos corpos E de peito rimbombante Me descompasso no calor Deste quarto arrefecido São essas coisas que nas manhãs solitárias Me sorriem de mansinho E as horas tornam-se tão suaves Quanto os teus dedos esguios A bordar a minha pele a carmesim São essas coisas que me dizes Que eu tenho talhadas no meu peito A carta (...)
Sabes as coisas que me dizes No silêncio que a par vamos suspirando Quando ainda o orvalho Que a tempestade que criámos deixou Escorre por entre o campo de batalha Dos nossos corpos E de peito rimbombante Me descompasso no calor Deste quarto arrefecido São essas coisas que nas manhãs solitárias Me sorriem de mansinho E as horas tornam-se tão suaves Quanto os teus dedos esguios A bordar a minha pele a carmesim São essas coisas que me dizes Que eu tenho talhadas no meu peito A carta (...)
Tenho toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor, Mas não tenho a quem os dar. Se tivesse a quem os dar, Não teria toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor. Antes assim, Que pior do que faltar o amor É faltar a poesia. Carina Pereira, 8 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"
Tenho toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor, Mas não tenho a quem os dar. Se tivesse a quem os dar, Não teria toda a tristeza que preciso Para escrever poemas de amor. Antes assim, Que pior do que faltar o amor É faltar a poesia. Carina Pereira, 8 de Junho de 2015 in "Poesias Desconexas"
A minha sobrinha sempre gostou de histórias. Quando, na sua sesta da tarde, eu a ia adormecer, ela pedia sempre uma, de preferência inventada e onde ela tivesse também algum papel.A minha sobrinha tinha também um par de sapatos que, quando ela batia com os pés no chão, acendiam e brilhavam.Uma tarde, preparando-lhe uma história para ela adormecer, lembrei-me dos seus sapatos com luzes e decidi torná-la a heroína do dia. Uns anos mais tarde peguei na mesma ideia e criei o poema (...)
A minha sobrinha sempre gostou de histórias. Quando, na sua sesta da tarde, eu a ia adormecer, ela pedia sempre uma, de preferência inventada e onde ela tivesse também algum papel.A minha sobrinha tinha também um par de sapatos que, quando ela batia com os pés no chão, acendiam e brilhavam.Uma tarde, preparando-lhe uma história para ela adormecer, lembrei-me dos seus sapatos com luzes e decidi torná-la a heroína do dia. Uns anos mais tarde peguei na mesma ideia e criei o poema (...)
deixo aqui um poema que escrevi em 2005 para a minha mãe, e que ficou em terceiro lugar num concurso de poesia da minha escola. Para dar também o meu contributo a este dia.Um Feliz Dia Da Mãe a todas as mães, que ajudam a tornar este mundo mais doce.*Só a ti, mãe! Não sei o que aconteceu, mãe Desde que vi os teus olhos pela primeira vez, Não sei se aconteceu uma distância Usual da vida, talvez. Só sei que os dias já não são iguais Eu já não choro para te ver chorar Mas (...)
deixo aqui um poema que escrevi em 2005 para a minha mãe, e que ficou em terceiro lugar num concurso de poesia da minha escola. Para dar também o meu contributo a este dia.Um Feliz Dia Da Mãe a todas as mães, que ajudam a tornar este mundo mais doce.*Só a ti, mãe! Não sei o que aconteceu, mãe Desde que vi os teus olhos pela primeira vez, Não sei se aconteceu uma distância Usual da vida, talvez. Só sei que os dias já não são iguais Eu já não choro para te ver chorar Mas (...)
Poderia dizer Que esgotei as minhas horas Em esperas e esperanças, Que as perdi em ti. Mas as horas sempre me perteceram, Nunca foram apenas gastas, Foram vividas. Poderia dizer Que foi tempo perdido, Mas isso seria aceitar Que o valor que as coisas tiveram Muda com o tempo, Sem entender que no seu tempo É que o valor das coisas conta. Começar de novo É uma práctica constante, Permite-nos a nossa própria reinvenção, Sabendo já o que queremos E onde não devemos voltar. Poderia dizer (...)
Poderia dizer Que esgotei as minhas horas Em esperas e esperanças, Que as perdi em ti. Mas as horas sempre me perteceram, Nunca foram apenas gastas, Foram vividas. Poderia dizer Que foi tempo perdido, Mas isso seria aceitar Que o valor que as coisas tiveram Muda com o tempo, Sem entender que no seu tempo É que o valor das coisas conta. Começar de novo É uma práctica constante, Permite-nos a nossa própria reinvenção, Sabendo já o que queremos E onde não devemos voltar. Poderia dizer (...)
E é assim Que os gritos se tornam silêncio E, onde te sabia de cor, agora te estranho. Os castelos no ar que construí Desmoronam-se, pedra a pedra; Agora, quero castelos de verdade, Com alicerces que assentam só em mim, Feitos do pó que eu mesma criei, Das cinzas de onde renasci. Talvez um castelo tosco, torto, tormentado, Erigido do que sobrou do meu passado, Imperfeito e com cicatrizes por onde a luz se espraia Ao nascer do dia, Mas um castelo onde, sentinela de mim mesma, A (...)
E é assim Que os gritos se tornam silêncio E, onde te sabia de cor, agora te estranho. Os castelos no ar que construí Desmoronam-se, pedra a pedra; Agora, quero castelos de verdade, Com alicerces que assentam só em mim, Feitos do pó que eu mesma criei, Das cinzas de onde renasci. Talvez um castelo tosco, torto, tormentado, Erigido do que sobrou do meu passado, Imperfeito e com cicatrizes por onde a luz se espraia Ao nascer do dia, Mas um castelo onde, sentinela de mim mesma, A (...)
Colada aos livros que de agasalho me servem, De Janeiro a Dezembro lá ando eu contente. Vou por aí sem ir, viajo sem sair do sítio, E continuando a ser eu, vou sendo também outra gente. Carina Pereira, 20 de Janeiro de 2015 Submissão para o concurso de Janeiro do "Clube Caminho Fantástico"
Colada aos livros que de agasalho me servem, De Janeiro a Dezembro lá ando eu contente. Vou por aí sem ir, viajo sem sair do sítio, E continuando a ser eu, vou sendo também outra gente. Carina Pereira, 20 de Janeiro de 2015 Submissão para o concurso de Janeiro do "Clube Caminho Fantástico"
Quero todas as vidas do mundo, Todas as possibilidades, Quero chegar e já ter saudades Do que findou, sem assim ser oriundo De parte nenhuma, de lugar algum, Mas quero pertencer a tudo em que toco, Quero do compromisso o sufoco E a liberdade de amor nenhum. Quero pertencer ao mundo e partir, Mas ficar para criar raízes no chão. Não sei viver sem a contradição De querer ser tudo e nada me servir. Assim vou eu correndo, A querer todas as vidas do mundo E com este coração vagabundo Ne (...)
Quero todas as vidas do mundo, Todas as possibilidades, Quero chegar e já ter saudades Do que findou, sem assim ser oriundo De parte nenhuma, de lugar algum, Mas quero pertencer a tudo em que toco, Quero do compromisso o sufoco E a liberdade de amor nenhum. Quero pertencer ao mundo e partir, Mas ficar para criar raízes no chão. Não sei viver sem a contradição De querer ser tudo e nada me servir. Assim vou eu correndo, A querer todas as vidas do mundo E com este coração vagabundo Ne (...)
Só em Português posso dizer Que tenho o coração aconchegado, A rebentar pelas costuras. Só em Português tenho saudades De vidas que não vivi. Só em Português se canta o Fado. in "Raízes"Carina Pereira, 10 De Janeiro De 2015