Dom | 17.05.15
O Dia Do Amor-Ódio
Carina Pereira
O Domingo é, para quem tem a sorte de cumprir um horário de trabalho em dias úteis e descanso ao fim-de-semana, um dia estranho. Pessoalmente, não consigo odiar o Domingo porque não me obriga a levantar cedo, nem a tarefas extenuantes mas, se não o consigo odiar, amá-lo também não é tarefa doce. O Domingo vem com veneno nos cantos e nós lá vamos dando mordidelas onde sabemos que ele não nos mata, com a pura consciência de que vamos ter de comer a fatia toda, e vamos chegar aos lugares onde não queremos.Idealmente deveríamos todos ter um emprego que nos fizesse querer sair da cama de manhã à Segunda, em vez de um que nos estrague o Domingo, mas nem sempre assim acontence. Por isso o Domingo é a tradução daquelas horas antes da despedida em que há tempo ainda, mas tão pouco que nem as conseguimos aproveitar.O Domingo é o dia para se desperdiçar, para se estar com a família - para alguns, não para mim - para ver as horas correr como se se contasse a areia a fugir de um lado para o outro duma apulheta.Por isto tudo, o Domingo pode ser também o dia das publicações meias ocas, só porque me apetece. E acontece que eu fui tomar o pequeno-almoço de manhã com uma amiga e, já que estávamos ali a jeito, fomos também correr umas lojas que estavam abertas. Como precisava de meias comprei uns quantos pares e, chegando a casa, deparo-me com esta doçura que, escondida no meio dos outros pares de cores variadas, me fez lembrar algo tipicamente Português.Lenços dos namorados ou toalhas bordadas à mão? Qualquer das duas me parece. Gosto delas.Carina Pereira