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Seg | 16.05.16

Boteco Das Tertúlias #9 | Motivação Para Fazer Desporto Em Cinco Passos

Carina Pereira
O tema deste mês do Boteco é desporto! Com o Verão a chegar e o Ferrero Rocher prestes a ser tirado de circulação até Outubro, é altura de falarmos sobre exercício físico e vida saudável.As outras meninas do boteco falam sobre o mesmo tema nas seguintes moradas:Anas Há MuitasA Limonada Da VidaEspresso And StroopwafelLife's TexturesDa minha parte, trago-vos cinco dicas para se motivarem a fazer desporto. Como se eu percebesse alguma coisa sobre isso. Ahah.*

Motivação Para Fazer Desporto Em Cinco Passos

  1. Odeia-te a ti mesmo.
Há um estágio muito importante na iniciação ao desporto, principalmente se a práctica de desporto nunca foi um gosto adquirido. Esse estágio chama-se o ódio-próprio. Esse ódio pode advir de muitos lados: ou porque não se está feliz com a figura que se tem, porque as roupas nos deixaram de servir e não temos dinheiro para comprar mais, porque já não conseguimos subir um lance de escadas sem sentir que os pulmões estão a sair-nos do peito, porque nos sentimos um membro menos digno da sociedade quando comemos um chocolate e já não o conseguimos apreciar como devíamos, ou porque vemos alguém com noventa anos com mais genica do que nós.
  1. Continua a odiar-te a ti mesmo mais um bocadinho até te amares.
Ninguém que comece a fazer desporto se começa a amar de repente por estar a contribuir para o seu próprio estilo de vida saudável. Para encontrarmos o amor próprio causado pelo desporto – uma práctica de tortura auto-infligida –  é preciso passar primeiro por outros dois estágios: eu não quero ir fazer isto e eu não quero mesmo estar fazer isto. Estes são os pensamentos pré e em-treino. No fim, no entanto, há uma recompensa e pensamentos de uau sou o maior por ter feito isto vão manter-te iludido – e apaixonado por ti mesmo – até à próxima hora de pré-treino.Ou até começarem as dores musculares (há que queixar-se delas com estoicismo, para compensar).
  1. Engana-te a ti próprio.
Enganarmo-nos  a nós próprios é um acto de sobrevivência em várias situações desta vida. É claro que chips de maçã são tão boas quanto batatas fritas. Se eu puser chia no iogurte vou ter menos fome a seguir. Estive na passadeira trinta minutos E aspirei a casa, isso também queima calorias, respirar queima calorias, na verdade até a dormir se queimam calorias, vinte gramas de Nutella não me vão fazer mal. Agora, é preciso aplicar esta máxima também na área do desporto e agarrarmo-nos a ela até acreditarmos. Trinta minutos na passadeira passa num instante, o que são trinta minutos? Eu até gosto de fazer isto. Depos é repetir a máxima a todos os que nos perguntam sobre a nossa práctica de desporto até os enganarmos tão bem que mesmo nós começamos a acreditar nisto. Até porque, nesta altura, com a práctica, provavelmente será verdade. (Vêem? Eu sou óptima a enganar-me a mim própria. Vocês cairam também, nem neguem.)
  1. Cria metas, arranja truques e oferece-te recompensas.
Ninguém quer saber que para queimar dois snickers é preciso cinquenta minutos de cárdio. Ninguém quer saber. Por isso, o importante é esquecer isto, criar metas e aumentá-las pouco a pouco. Se hoje só se anda trinta minutos a pé, amanhã anda-se trinta e um. Mais vale ir devagarinho e um pouco mais – mesmo que seja muito pouco – todos os dias, do que fazer num dia uma hora de cárdio e na vez seguinte morrer na passadeira aos cinco minutos e passar no McDonalds, para matar as tristezas do retrocesso, a caminho de casa. (Também ninguém quer saber quanto cárdio é preciso para desgastar isso. Sério.)Encontra uma forma de distracção. Música ajuda. Seja a popular banda sonora de Rocky III ou o fado de Camané, procura uma música que te mantenha motivado, e vai definindo tempos com a ajuda dos temas escutados. Já cheguei aos vinte e cinco minutos de bicicleta mas a música está quase a acabar, vou bicicletar até ao final. (É contra-produtivo ouvir músicas com All About That Bass da Meghan Trainor se o ódio-próprio é motivado por uma figura roliça, fica o aviso.)  Ou leva um livro, o tablet, o que quer que te mantenha afastado da amarga dor do corpo são em mente sã. Eu já cheguei a fazer bicicleta elíptica com base nos capítulos do Milagrário Pessoal, do José Eduardo Agualusa. Nem estou a brincar.Depois do ginásio tens direito a recompensa? Claro! Vá, podes comer mais algumas nozes. Ou comprar aquelas sapatilhas que andas a namorar – afinal, vais usá-las. Se eu fizer três horas de cárdio esta semana posso pedir a francesinha no jantar de Natal. Quem nunca.
  1. Não páres
Se começares a fazer desporto, não páres por motivo algum. Férias? Faz yoga intensivo em cima da cama ou vai dar um passeio longo. Parar, neste caso, é mesmo morrer e parando, nunca mais encontras a motivação que só a práctica constante traz. Sei isto por experiência própria quando, há dois anos atrás, tive de deixar de ir ao ginásio – algo que eu até já fazia com agrado – e ficar uma semana em casa parada porque apanhei varicela. Desde aí, nunca mais encarei o desporto da mesma forma, nunca mais as minhas sapatilhas deixaram de ganhar pó. Nunca mais a Nutella teve um rival à altura. R.I.P. motivação.Em resumo: o caminho para a verdade é ir mentindo e, caminhando, chegas lá.(É claro que há quem faça desporto sem nunca ter passado por quaisquer destes estágios, mas isso são loucos e não devem ser tomados em consideração.)

Carina Pereira

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