Qua | 02.03.16
Blogazine #9
Carina Pereira
Março traz consigo a promessa de melhor tempo, de dias maiores, e uma das estações mais bonitas do ano. Enquanto a Primavera não chega, a nova edição da Blogazine sai para as bancas digitais, para nos entreter a espera.Este mês trago mais uma resenha com a chancela da Chiado Editora, do livro O Gato Negro De Tão Preto Que Era, e também a crítica ao disco de Miguel Araújo, Cidade Grande Ao Vivo No Coliseu Do Porto.Como é já costumeiro fica aqui o link para a revista completa e, em baixo, os dois textos que escrevi, para uma melhor leitura.A Blogazine oferece a oportunidade de ganharem bilhetes para a Expocosmética, não deixem de participar!Carina Pereira
Miguel Araújo: Cidade Grande Ao Vivo no Coliseu do Porto
Um ano após o fabuloso concerto com que Miguel Araújo nos agraciou no Coliseu do Porto, surge para venda, numa edição limitada e numerada, todo o registo dessa noite memorável.O álbum é composto por dois discos e um DVD, dando oportunidade a quem lá não esteve de observar o talento do cantautor, e a quem teve a sorte de fazer parte deste público, a possibilidade de viver este espetáculo novamente no conforto das suas casas. Vinte e uma faixas em pouco mais de duas horas, para nos entretermos e deliciarmos.A base do concerto foi o disco homónimo, Cidade Grande, e para além de canções como Contamina-me, Dona Laura, ou a tão popular Os Maridos das Outras, houve ainda muitos momentos dignos de referência nessa noite, e várias participações especiais. Inês Viterbo acompanhou Miguel Araújo em Balada Astral, António Zambujo emprestou a sua voz a Romaria Das Festas De Santa Eufémia e Pica do Sete, e Ana Moura partilhou com Miguel a canção que este compôs para o seu álbum Desfado, E Tu Gostavas De Mim, convidados que abrilhantaram ainda mais um palco já repleto de talento musical.O ponto alto da noite, no entanto, foi o mais improvável de todos: a banda que inspirou Miguel Araújo para a música, composta pelos tios do cantor e denominada de Os Kappas, entrou em cena com timidez e deixou toda a gente em êxtase. Não se esperava, por certo, o espetáculo que se seguiu, numa cover de Bob Dylan, Like A Rolling Stone. O coliseu cantou de pé, e Os Kappas mereceram os aplausos efusivos com que a audiência em esteria os brindou.É um álbum que, acredito, se tornará um pedaço importante de história na música Portuguesa, de um artista que já prestou provas sólidas daquilo de que é feito e de quem, tenho a certeza, um dia ouviremos falar com a mesma reverência que se guarda para, por exemplo, Rui Veloso. Pelo talento, pelo trabalho, pelo amor que entrega à música.Este Cidade Grande Ao Vivo no Coliseu do Porto é um gosto para os sentidos.O Gato Negro De Tão Preto Que Era
O livro, da autoria de Vírgilio Marques que, nesta obra, se assina debaixo do pseudónimo Lobo Mata, traz-nos uma série de contos curiosos. Ao lê-lo, é como se um avô ou parente mais velho nos estivesse a contar histórias do seu tempo, cheias de traquinices e tipicalidades próprias de uma outra era. Muitas das palavras são antigas, pertencem ao vocabulário ancião, e também as vivências retratadas se assentam numa vida de aldeia.Ao entranharmo-nos nos vários contos, quase conseguimos sentir o viver que ali se exprime. Brincadeiras de rapazes em tempos onde as horas se marcavam pelo sol, estratagemas que hoje em dia pouco lucro dariam, e vidas pacatas de que todos nós já ouvimos falar, contadas com saudade por quem, na sua meninice, as experienciou. Há aqui espaço para (des)gostos de amor, para fugas à polícia, e para a honestidade e simplicidade dos tempos antigos.A embelezar cada um destes dezasseis contos, constam ilustrações de Maria Freitas. Desenhos que, a cada capítulo, se apresentam como uma janela aberta para a história que se desvenda de seguida.Uma boa recomendação para quem ainda busca a magia das histórias contadas oralmente.