Vou-me
Carina Pereira
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Carina Pereira
Carina Pereira
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=6GFIwHeATxw[/embed]
Chama o meu nome, assim, como só tu sabes
Saboreia-o na tua língua, lentamente, como só tu sabes
Gasta o teu tempo nele, até que se gaste
E te soe estranho na garganta.
Chama o meu nome, assim, como só tu sabes
Para que eu não saiba senão seguir-te
Seguir a doçura do meu nome, como só tu o sabes dizer.
Sussurra assim o meu nome, como só tu sabes;
Amar-te-ei, como só eu sei.
Carina Pereira, 24 de Outubro de 2015
Carina Pereira
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=yHCn8LUzVMw[/embed]
Carina Pereira
*
Os restantes textos deste boteco podem ser encontrados nos seguintes links:
A Limonada Da VidaByCatarinaEspresso And StroopwafelLife’s Textures*fontes das imagens:[x] [x] [x] [x] [x] [x]*
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Os livros da colecção Uma Aventura não foram certamente os primeiros livros que li, mas foram o "empurrão" para todo o amor que eu sinto pela literatura.
Em casa de uma prima, tinha eu uns nove ou dez anos, deparei-me com Uma Aventura... No Inverno. Sou uma adoradora de objectos, talvez seja bom começar por dizer isto, e colei-me ao livro por não ser algo que eu tinha em casa de sobejo. Os livros eram caros; tinha apenas duas colecções de histórias infantis e um Atlas já antigo que eu fizera o favor de embelezar - embora o meu pai usasse a palavra estragar para falar do mesmo assunto - com marcadores, quando tinha cinco anos. Este livro, maior do que aqueles com histórias infantis a que eu estava habituada, quase só com letras, chamou-me para ele. E, apesar de eu saber que só me pertence porque eu o amei mais do que o seu primeiro dono, lá o tenho em casa, o meu nome completo escrito na primeira página.
Mudada para uma nova escola aos dez anos, onde já constava uma biblioteca, a cada semana lá trazia eu mais um desta colecção para casa. As gémeas, Teresa e Luísa, o Pedro, o João e o Chico, a par com o Faial e o Caracol, foram as primeiras personagens que me deixaram viver através delas. Devo-lhes quase tudo em que me tornei.
Maria Teresa Maia Gonzalez
Se Uma Aventura foi a primeira casa, os livros da colecção Profissão Adolescente, foram a segunda. As histórias já não eram de aventuras, mas falavam de adolescentes, como eu. O livro que me lembro melhor é O Tiago Está A Pensar, embora na altura me tivesse feito um pouco de confusão a melhor amiga dele ser assim tão adulta. Gostava do Tiago, mesmo com a sua prepotência, porque o mundo não é assim tão fácil, mesmo quando se tem quinze anos. Especialmente quando se tem quinze anos.
Desta autora comecei, naturalmente, por ler A Lua de Joana. Adorei o livro, na altura, dizia-me tanto! Quando o reli, o ano passado e já adulta, - ou a tentar sê-lo - não gostei lá muito da Joana, afinal.
Fica o conselho: há livros que só os amamos na altura em que nos conseguimos rever neles. Não deixam de ser importantes. Quanto mais não seja, mostram-nos o quanto crescemos e que, às vezes, crescer não tem de ser mau.
João Aguiar
Embora o Clube Das Chaves nunca me tivesse puxado interesse - li um livro ou dois da colecção - e o Os Cinco fosse já de outras eras, o Bando dos Quatro foi uma bela opção quando a colecção de Uma Aventura da biblioteca começou a escassear. Acabei depois por adquirir alguns livros desta colecção também, e adorei cada um deles. Carlos e Álvaro, Frederico e a destemida Catarina, todos com a ajuda do Tio João e do sempre fiel cão Pelópidas, nome a que eu sempre achei um piadão. Cresceram comigo também.
David Mourão-Ferreira
Poderia ter trazido, para os poetas, Fernando Pessoa a esta página, mas David Mourão-Ferreira é o autor do poema mais bonito que alguma vez li. Porque tem Ternura dentro dele. e deixa tanta ternura em nós.
Nicholas Sparks
O meu lado capricorniano cada vez mais empurra para debaixo do tapete a clara lamechice que me acompanha vida fora. Talvez por isso Nicholas Sparks tenha deixado de fazer parte da lista dos favoritos, mas sou incapaz de saber da edição de um novo livro seu sem planear lê-lo. Porque esperei com ansiedade cada livro novo desde os meus quinze anos, parece quase traição deixar de o fazer. Com mais contenção, menos entusiasmo, mas faço-o na mesma.
São romances. Não há nada de errado com romances e, em termos de lamechice, a dele não é tanta assim. Escrevi, eu própria, os meus primeiros romances a sério - lamechas, admito - por tanto gostar das histórias dele. De certa forma, é a base das minhas narrativas. Fico em dívida com ele para sempre, por isso mesmo.
E, admitamos, As Palavras Que Nunca Te Direi e O Guardião - que é um policial fabuloso - não são histórias de amor para envergonhar ninguém.
Nick Hornby
Era Uma Vez Um Rapaz e Alta Fidelidade foram os que mais me marcaram, mas devorei vários livros do autor antes de me aperceber que era um nome bem conhecido no mundo da literatura. O último que adquiri foi Slam, bem recentemente, e voltou a relembrar-me porque gosto tanto dele.
Agatha Christie
Hercule Poirot é, sem dúvida, o meu preferido. Com ele sinto, quase até ao final, que posso também adivinhar o assassino, até que descubro que não, que nunca adivinho.
A história de eleição - que não conta com Poirot - é talvez a mais polémica da autora: A Última Razão Do Crime.
Um dia termino a colecção. Um dia.
Arthur Conan Doyle
Depois de assistir à nova série da BBC, senti-me no dever de ir à matriz das histórias, e conhecer a fundo o detective que tanto gosto de ver no ecrã. Não desiludiu; Arthur Conan Doyle - conquanto errático nos seus escritos, porque ele odiava a personagem e não estava nem aí - consegue, ainda assim, dilemas fabulosos com desfechos inesperados.
As histórias não cresceram comigo, embora conheça o detective desde sempre, mas merecem destaque nesta publicação, em especial A Aventura de Charles Augustus Milverton, a minha favorita de todas.
Mia Couto
Ah, Mia Couto. Não consigo pensar em Mia Couto sem pensar em doçura e meiguice, porque as palavras que ele usa para descrever até os episódios mais estranhos, embalam-me o coração. Fiquei rendida logo ao primeiro livro; o primeiro que ele escreveu, o primeiro que eu li: Terra Sonâmbula.
Autores Africanos sempre nos fazem olhar para lá das nossas crenças. O que estou a ler de momento, A Confissão Da Leoa, dá cada vez mais razão a este amor que começou ainda antes de eu lhe conhecer os escritos. Há pessoas de quem gostamos porque as adivinhamos, mais do que as sabemos.
José Eduardo Agualusa
Já falei tanto de José Eduardo Agualusa que, me parece, vou acabar por me repetir. Ou talvez isto seja apenas uma desculpa por me quedar sem mais palavras, sem palavras suficientes, para expressar o quanto adoro a sua escrita. Vêem, mesmo as de adoração me soam já a tão poucochinho!
Barroco Tropical, Milagrário Pessoal, ou A Vida No Céu, são histórias que vou levar comigo para sempre, nesta viagem que é a vida. Porque - Agualusa me ensinou - o melhor da viagem é o sonho.
Carina Pereira
Edição: tanto quis dizer, que me faltaram dois dos mais importantes, J.K. Rowling com Harry Potter e Bill Waterson por Calvin & Hobbes. Ah, vale a intenção!
Carina Pereira
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=oyiRDKcNaJQ[/embed]
Carina Pereira
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=kuAaZ5Wx2uQ[/embed]
Carina Pereira
As considerações que se ouvem em volta são positivas; mesmo quem não entende o que se canta reconhece a emoção de tudo o que ouviu. Se mais provas fossem precisas para saber que este foi um espectáculo soberbo.
Numa nota pessoal, este é um dos últimos concertos que vejo este ano. Desde Março que esperava o dia 25 de Setembro, e saí de Gent com o coração a rebentar pelas costuras. E se foi todo um fim-de-semana de novas experiências, foi também um de revelações: já no comboio a caminho de casa, a recordar tudo o que acontecera, a letra de Sérgio Godinho fez finalmente sentido, hoje soube-me a pouco, hoje soube-me a pouco, portanto... hoje soube me a tanto.
E soube-me a tanto.Carina Pereira
Fotografias por © Christophe Vander Eecken [x] [x]
Carina Pereira
Carina Pereira
Amália, as vozes do fado
“Amália, não sei quem é” não faz qualquer sentido fora do fado onde esta poesia assenta. O nome é conhecido sobejamente e, entoado numa canção ou não, oferece a quem quer que o ouça uma memória qualquer.Amália, a voz que é um epíteto do fado, um timbre com uma tristeza tão inerente que passou fronteiras, e colocou o nosso país e esta nossa herança no coração de muita gente. Não é preciso entender o que Amália canta para o sentir bem de perto.Pelas mãos do realizador lusodescendente Ruben Alves, criador do filme “A Gaiola Dourada”, – uma sátira ao percurso dos emigrantes Portugueses em França – nasceu este projeto que junta alguns dos interpretes mais conhecidos da esfera fadista, mas não se faz apenas de música. Com criação de Alexandre Farto, que assina a sua arte como Vhils, e com o trabalho e dedicação da escola de calceteiros de Lisboa, também o chão de Alfama ganhou para si o rosto de Amália. A imagem que podemos ver na capa do disco é a mesma que nos fita da calçada Lisboeta.Mas falemos do álbum; editado a 17 de julho deste ano, nele se espraiam treze temas, originalmente cantados por Amália Rodrigues e resgatados por onze artistas, entre os quais Celeste Rodrigues, que acedeu dar voz a Faz-me Pena; aceitou cantar este fado porque, nunca tendo ouvido a irmã a interpretá-lo, sentiu-se assim capaz de lhe dar um toque pessoal, sem qualquer influência desta. De resto, há temas tão conhecidos como Maldição, – numa avassaladora interpretação de Ana Moura – Estranha Forma De Vida na voz de António Zambujo e pontuada apenas pelo contrabaixo, ou Com Que Voz, que Carminho vai desfiando com os seus trémolos tão peculiares.Existem também duetos: Camané e Gisela João trazem-nos Meu Limão De Amargura, Ana Moura e Bonga - numa parceria pouco óbvia mas preciosa – cantam Valentim. Para não esquecer que Amália engrandeceu com a sua voz a música e a arte de outros países, Carminho divide Naufrágio com Caetano Veloso, António Zambujo junta-se à cantora Cabo-Verdiana Mayra Andrade para pedir Lisboa Não Sejas Francesa, e a mestria do flamenco de Javier Limón apega-se à grande voz de Ricardo Ribeiro em Maria La Portuguesa.De admirar também o instrumental de guitarras Portuguesas pelos dedos hábeis de José Manuel Neto, Luís Guerreiro e Ângelo Freire, trinando Amália.É uma clara homenagem – porque nunca são demais - a Amália Rodrigues. É a prova de que o fado pode ser reinventado, as pedras da calçada podem precisar de renovação, mas o legado de Amália perdura para além de tudo isto.Carina Pereira
Amália, as vozes do fado
“Amália, não sei quem é” não faz qualquer sentido fora do fado onde esta poesia assenta. O nome é conhecido sobejamente e, entoado numa canção ou não, oferece a quem quer que o ouça uma memória qualquer.Amália, a voz que é um epíteto do fado, um timbre com uma tristeza tão inerente que passou fronteiras, e colocou o nosso país e esta nossa herança no coração de muita gente. Não é preciso entender o que Amália canta para o sentir bem de perto.Pelas mãos do realizador lusodescendente Ruben Alves, criador do filme “A Gaiola Dourada”, – uma sátira ao percurso dos emigrantes Portugueses em França – nasceu este projeto que junta alguns dos interpretes mais conhecidos da esfera fadista, mas não se faz apenas de música. Com criação de Alexandre Farto, que assina a sua arte como Vhils, e com o trabalho e dedicação da escola de calceteiros de Lisboa, também o chão de Alfama ganhou para si o rosto de Amália. A imagem que podemos ver na capa do disco é a mesma que nos fita da calçada Lisboeta.Mas falemos do álbum; editado a 17 de julho deste ano, nele se espraiam treze temas, originalmente cantados por Amália Rodrigues e resgatados por onze artistas, entre os quais Celeste Rodrigues, que acedeu dar voz a Faz-me Pena; aceitou cantar este fado porque, nunca tendo ouvido a irmã a interpretá-lo, sentiu-se assim capaz de lhe dar um toque pessoal, sem qualquer influência desta. De resto, há temas tão conhecidos como Maldição, – numa avassaladora interpretação de Ana Moura – Estranha Forma De Vida na voz de António Zambujo e pontuada apenas pelo contrabaixo, ou Com Que Voz, que Carminho vai desfiando com os seus trémolos tão peculiares.Existem também duetos: Camané e Gisela João trazem-nos Meu Limão De Amargura, Ana Moura e Bonga - numa parceria pouco óbvia mas preciosa – cantam Valentim. Para não esquecer que Amália engrandeceu com a sua voz a música e a arte de outros países, Carminho divide Naufrágio com Caetano Veloso, António Zambujo junta-se à cantora Cabo-Verdiana Mayra Andrade para pedir Lisboa Não Sejas Francesa, e a mestria do flamenco de Javier Limón apega-se à grande voz de Ricardo Ribeiro em Maria La Portuguesa.De admirar também o instrumental de guitarras Portuguesas pelos dedos hábeis de José Manuel Neto, Luís Guerreiro e Ângelo Freire, trinando Amália.É uma clara homenagem – porque nunca são demais - a Amália Rodrigues. É a prova de que o fado pode ser reinventado, as pedras da calçada podem precisar de renovação, mas o legado de Amália perdura para além de tudo isto.Carina Pereira