Por David E Por Sophia
Quantas vezes te disse eu, Penélope,
Que os dias de Primavera chegariam ao fim
Sem que eu te gravasse sequer no meu peito,
Sem eu ter sequer usado todas as batidas do relógio de bolso
Maquinado pelo teu coração.
Quantas vezes te avisei
Que o que era em nós amor,
Seria um dia a pena
De um dia ter sido mais que um nada.
Não me arrependo
Das horas que gastei em tuas horas,
Dos suspiros que eram teus e eram meus
E das palavras que despedaçamos
E que hão-de acender-se em nossos âmagos,
Em dias de Inverno solitários,
Para nos lembrarmos do que poderia ainda ser.
Bem te disse que o tempo é um mendigo
A pedir de nós um para sempre
Que perdura só quando tem fim.
Vamos, Penélope,
Que a madrugada não regressa mais para nós dois,
Mas as noites, das quais nos apoderámos em tempos,
Já não nos roubam
Porque as soubemos viver.
Carina Pereira, 16 de Fevereiro de 2015
in "Raízes"