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Contador D'Estórias

Um blog com estórias dentro.

Contador D'Estórias

Um blog com estórias dentro.

Sex | 19.12.14

Brinquedo

Carina Pereira
Hoje escrevi e compus mais uma música. Compus não é bem a palavra certa. Como se chama quando escreves uma letra e lhe arranjas uma música mas a melodia é criada apenas pela tua voz, sem qualquer conhecimento musical ou uso de instrumentos? Será que isso tem sequer nome? Bem, se tem, foi isso que fiz.A letra fica aqui para já. Quando voltar de férias - vou a Londres passar o Natal oohooh! - lá hei-de arranjar forma de gravar a melodia da música, o que será basicamente eu a cantar para o meu gravador, como já fiz antes com outras letras que criei.Eu acredito que escrever letras para músicas é tão contar uma história como o é escrever um conto. Da mesma forma, é fácil para mim colocar-me na pele de personagens que não têm nada a ver comigo, que não são em essência nada eu.Nesta letra a voz é dada a um homem que vai amando uma mulher quando ela o quer - e quando ela não o quer também. Vai agarrando o amor que lhe é dado, mesmo que o desamor venha logo a seguir. Ele é um corpo de aluguer a quem nunca pagam renda, e de cada vez lá vai reparando os destroços deixados, para preparar a casa para a próxima tão ansiada - quanto receada - visita. Ele ama quem o deseja sem nenhum desejo de o amar.*Roubas-me a camisa e sorris atrevidaE no entretanto levas-me o coraçãoE eu feito patetaFico a fazer contas à vidaVou atrás de ti quer queira quer nãoRasgas-me o fatoDeixas-me de rastosE de seguida desapareces na noiteE eu fico sozinhoA querer algum carinhoSou um brinquedo nos teus dedos ágeis
Vais quando te fartas, voltas sem remorsoE fazes de mim um trapo gasto e usadoEu vejo-te partir e espero-te ansiosoRenego o aviso do coração queixoso
Um dia hei-de dizer-te adeusFechar a porta, encerrar a nossa históriaMas hoje não, hoje quero-te minhaVê se não te demoras
Danças com ele a olhar para mimMas quando te imploro negas-me o pedidoFico sozinho até a música cessarDepois vou para casa, gélido, morto, feridoBates à porta sempre de mansinhoE entras no meu peito em bicos de pésVens com o seu cheiro amar-me em torvelinhoTu és a lua e eu uma maré
Sou brinquedo nas tuas mãos hábeisManuseias-me sem qualquer cuidadoE quando eu me ponho inteiroLá vens tu de novo para fazer mais estrago
Um dia hei-de dizer-te adeusFechar a porta, encerrar a nossa históriaMas hoje não, hoje quero-te minhaTodinha, fora de horas,Vê se não te demoras

Carina Pereira

Sex | 19.12.14

Brinquedo

Carina Pereira
Hoje escrevi e compus mais uma música. Compus não é bem a palavra certa. Como se chama quando escreves uma letra e lhe arranjas uma música mas a melodia é criada apenas pela tua voz, sem qualquer conhecimento musical ou uso de instrumentos? Será que isso tem sequer nome? Bem, se tem, foi isso que fiz.A letra fica aqui para já. Quando voltar de férias - vou a Londres passar o Natal oohooh! - lá hei-de arranjar forma de gravar a melodia da música, o que será basicamente eu a cantar para o meu gravador, como já fiz antes com outras letras que criei.Eu acredito que escrever letras para músicas é tão contar uma história como o é escrever um conto. Da mesma forma, é fácil para mim colocar-me na pele de personagens que não têm nada a ver comigo, que não são em essência nada eu.Nesta letra a voz é dada a um homem que vai amando uma mulher quando ela o quer - e quando ela não o quer também. Vai agarrando o amor que lhe é dado, mesmo que o desamor venha logo a seguir. Ele é um corpo de aluguer a quem nunca pagam renda, e de cada vez lá vai reparando os destroços deixados, para preparar a casa para a próxima tão ansiada - quanto receada - visita. Ele ama quem o deseja sem nenhum desejo de o amar.*Roubas-me a camisa e sorris atrevidaE no entretanto levas-me o coraçãoE eu feito patetaFico a fazer contas à vidaVou atrás de ti quer queira quer nãoRasgas-me o fatoDeixas-me de rastosE de seguida desapareces na noiteE eu fico sozinhoA querer algum carinhoSou um brinquedo nos teus dedos ágeis
Vais quando te fartas, voltas sem remorsoE fazes de mim um trapo gasto e usadoEu vejo-te partir e espero-te ansiosoRenego o aviso do coração queixoso
Um dia hei-de dizer-te adeusFechar a porta, encerrar a nossa históriaMas hoje não, hoje quero-te minhaVê se não te demoras
Danças com ele a olhar para mimMas quando te imploro negas-me o pedidoFico sozinho até a música cessarDepois vou para casa, gélido, morto, feridoBates à porta sempre de mansinhoE entras no meu peito em bicos de pésVens com o seu cheiro amar-me em torvelinhoTu és a lua e eu uma maré
Sou brinquedo nas tuas mãos hábeisManuseias-me sem qualquer cuidadoE quando eu me ponho inteiroLá vens tu de novo para fazer mais estrago
Um dia hei-de dizer-te adeusFechar a porta, encerrar a nossa históriaMas hoje não, hoje quero-te minhaTodinha, fora de horas,Vê se não te demoras

Carina Pereira