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Contador D'Estórias

Um blog com estórias dentro.

Contador D'Estórias

Um blog com estórias dentro.

Dom | 30.11.14

Sorriso

Carina Pereira

Um dia eu sorri e tu sorriste

E não sei se senti o que sentiste

Mas o nosso sorriso foi igual.

E os teus olhos e os meus olhos se tocaram

Mesmos distantes e, pela primeira vez, se amaram

Como nunca antes, mais que um amor banal.

Mas depois eu descobri que tu sorriste

E que eu sorri e afinal nada mudou

Porque eu esqueci o teu sorriso e tu o meu

E a vida, sem notarmos, continuou.

Carina Pereira

in "Cinco Mil Rasgos De Admiração"

Dom | 30.11.14

Sorriso

Carina Pereira

Um dia eu sorri e tu sorriste

E não sei se senti o que sentiste

Mas o nosso sorriso foi igual.

E os teus olhos e os meus olhos se tocaram

Mesmos distantes e, pela primeira vez, se amaram

Como nunca antes, mais que um amor banal.

Mas depois eu descobri que tu sorriste

E que eu sorri e afinal nada mudou

Porque eu esqueci o teu sorriso e tu o meu

E a vida, sem notarmos, continuou.

Carina Pereira

in "Cinco Mil Rasgos De Admiração"

Dom | 30.11.14

Jornal De Amor

Carina Pereira
Na primeira noite de um Outubro gélido como há muitos anos não se sentia, Ana saiu de casa à socapa, com o poncho cinzento escuro a cobrir-lhe os ombros.  Ia sem pressa e com objectivo, olhando em volta para a ter a certeza de que ia só.Os seus pais dormiam a sono solto desde as dez da noite mas o gato era astuto e Ana receava que desse algum sinal da sua ausência. Por isso, prendeu-o no seu quarto, esperando que o acolhedor conforto da sua cama fosse chantagem suficiente para ele manter a discrição.O sino da igreja tocou a meia noite e Ana enrolou-se mais em si própria, acelerando o passo. Ao longe já via o cruzeiro, uma marca quase indistinta por entre o nevoeiro. Aproximou-se. Avistou a pedra quase imediatamente; não era proeminente, quase parecendo fazer parte da calçada, mas Ana sabia do que estava à procura. Olhou em volta e, confortada pela solitude da rua, baixou-se, retirou o papel dobrado cuidadosamente em quatro que a pedra tão útilmente pisava e escondia. Guardou-o prontamente no bolso, rodou sobre os calcanhares sem demora e regressou pelo mesmo caminho.Abriu a porta de casa com a própria chave e o tipo de aptidão silenciosa que a prática cria e recolheu-se para o quarto.  O gato, aos pés das cama, virou os olhos para ela no jeito desinteressado dos felinos domesticados.Ana retirou o papel do bolso e leu a mensagem escrita numa caligrafia aranhiça mas cuidada. Quanto mais lia mais o seu peito se apertava, e chegou ao fim daquelas poucas linhas com uma frustração crescente.Cartas de amor. A velha música pergunta quem as não tem e Ana gostaria neste momento de responder que ela não, que ela nunca as teve, nem quer. No entanto, o papel que ela já amarrotou e atirou para cima da cama conta uma nova história, coloca Ana no lado afirmativo da estatística. As palavras são simples, honestas. Ana abana a cabeça, bufa e com impaciência pega no gato e coloca-o fora da porta. Ele mia, mas ela vira as costas sem ligar ao seu protesto.Isto não fora o combinado. O que lhe tinham prometido, entre bilhetes anónimos empurrados para dentro do seu cacifo de metal, pelas pequenas frinchas da porta, tinha sido uma notícia, uma confirmação e prova de um rumor, o ponto que faria o jornal da sua escola mais do que trabalho amador, e a ela mais do que uma aspirante à popularidade e respeito do seu liceu. Aquilo mudava tudo. Tinham-lhe mentido, dado falsas esperanças e indícios, e agora ela via-se ali, com uma carta de amor – a sua primeira – e um artigo a menos para escrever.Susprirou, vestiu o pijama, e colocou a carta de amor no lixo antes de se deitar. Haviam de pagá-las.

Carina Pereira

in "Estórias Da Minha Aldeia"

Dom | 30.11.14

Jornal De Amor

Carina Pereira
Na primeira noite de um Outubro gélido como há muitos anos não se sentia, Ana saiu de casa à socapa, com o poncho cinzento escuro a cobrir-lhe os ombros.  Ia sem pressa e com objectivo, olhando em volta para a ter a certeza de que ia só.Os seus pais dormiam a sono solto desde as dez da noite mas o gato era astuto e Ana receava que desse algum sinal da sua ausência. Por isso, prendeu-o no seu quarto, esperando que o acolhedor conforto da sua cama fosse chantagem suficiente para ele manter a discrição.O sino da igreja tocou a meia noite e Ana enrolou-se mais em si própria, acelerando o passo. Ao longe já via o cruzeiro, uma marca quase indistinta por entre o nevoeiro. Aproximou-se. Avistou a pedra quase imediatamente; não era proeminente, quase parecendo fazer parte da calçada, mas Ana sabia do que estava à procura. Olhou em volta e, confortada pela solitude da rua, baixou-se, retirou o papel dobrado cuidadosamente em quatro que a pedra tão útilmente pisava e escondia. Guardou-o prontamente no bolso, rodou sobre os calcanhares sem demora e regressou pelo mesmo caminho.Abriu a porta de casa com a própria chave e o tipo de aptidão silenciosa que a prática cria e recolheu-se para o quarto.  O gato, aos pés das cama, virou os olhos para ela no jeito desinteressado dos felinos domesticados.Ana retirou o papel do bolso e leu a mensagem escrita numa caligrafia aranhiça mas cuidada. Quanto mais lia mais o seu peito se apertava, e chegou ao fim daquelas poucas linhas com uma frustração crescente.Cartas de amor. A velha música pergunta quem as não tem e Ana gostaria neste momento de responder que ela não, que ela nunca as teve, nem quer. No entanto, o papel que ela já amarrotou e atirou para cima da cama conta uma nova história, coloca Ana no lado afirmativo da estatística. As palavras são simples, honestas. Ana abana a cabeça, bufa e com impaciência pega no gato e coloca-o fora da porta. Ele mia, mas ela vira as costas sem ligar ao seu protesto.Isto não fora o combinado. O que lhe tinham prometido, entre bilhetes anónimos empurrados para dentro do seu cacifo de metal, pelas pequenas frinchas da porta, tinha sido uma notícia, uma confirmação e prova de um rumor, o ponto que faria o jornal da sua escola mais do que trabalho amador, e a ela mais do que uma aspirante à popularidade e respeito do seu liceu. Aquilo mudava tudo. Tinham-lhe mentido, dado falsas esperanças e indícios, e agora ela via-se ali, com uma carta de amor – a sua primeira – e um artigo a menos para escrever.Susprirou, vestiu o pijama, e colocou a carta de amor no lixo antes de se deitar. Haviam de pagá-las.

Carina Pereira

in "Estórias Da Minha Aldeia"

Qui | 27.11.14

Um Portugal Mais Meu

Carina Pereira
Sou Portuguesa. Nasci na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, em ’87. Hoje vivo na Bélgica e hoje o cante Alentejano foi eleito Património Imaterial da Unesco.Nunca fui de mostrar grandes saudades, de deixar o adeus a meio. Deixei Portugal porque quis, e foi melhor assim. Mas o Português cá fora sabe melhor. O Português cá fora entranha-se na aprendizagem de uma língua nova, no enrolar dos sons guturais e da incompreensão. Portugal torna-se mais nosso, mais orgulhoso de si mesmo. Portugal, de que nos queixamos e estamos tão cheios, de repente falta-nos nos trocadilhos que não fazem sentido e no esforço de traduzir, sem graça, os nossos. Falta-nos na troca da torrada e natinha com o galão por uma chávena bem servida de café aguado e bolachinhas boas. Falta-nos na corrida às lojas para vir de mãos vazias de coisas que tinhamos como certas e nem sequer dávamos valor. Falta-nos como a palavra saudade falta a tantos.A música que nos chega aqui como um filho pródigo a quem nunca vestimos túnica, vem nas ondas do éter para desinfectar a ferida, mas ao mesmo tempo colocar-lhe sal. São tantos, alguns tão novos, mas tão bons. Nem sei por onde começar mas como sou parcial, vou pelos meus favoritos, sem ordem certa. António Zambujo. Camané. Ana Moura. Rui Velozo e Mariza. E os jovens também, que já têm um posto merecido: Miguel Araújo, Luísa Sobral, e tantos de quem não me esqueço mas faço de conta para a lista ficar curta. As cantigas estoiram nas aparelhagens, – eu nem sequer tenho rádio em casa, mas aparelhagem é bem mais romântico que mp3 – mas vêm aquecer o coração com um sussurro familiar. Estas palavras eu conheço, mesmo que às vezes tenha de puxar por um dicionário para saber na íntegra o que significam, e são minhas por direito. São lamechas, ridículas, como todas as cartas de amor, mas são minhas, com pronomes possessivos, artigos demonstrativos. Esta é a minha saudade, e só eu a tenho.A minha melancolia vem da falta do que em Portugal tinha com fartura. Do perceber que os vocábulos que eu pronunciei a jorros durante anos, podem ser conjugados tão subtilmente, que de repente o Português se torna mais do que uma língua. É um espólio pessoal, uma amálgama de quadras soltas e castiças que tantas vezes se escondem em fados corridinhos, acompanhados de palmas e ovações de pé mais do que merecidas.Cá fora, tudo se torna mais nosso, porque o orgulho das coisas que os outros não entendem em muito ultrapassa o embaraço das coisas que nos fizeram partir. Cá fora somos todos mais Amália, porque a emoção da nossa música toca até as almas dos que não compreendem as letras.Não deixaria de acenar um adeus a Portugal se tivesse de tomar de novo essa decisão hoje. Mas gostaria de ter amado mais o que era meu quando ainda estava à distância de uma viagem de carro, do abrir da porta de uma padaria, do comprar de um bilhete para o Coliseu.

Carina Pereira

in "Crónicas Ao Acaso"

Qui | 27.11.14

Um Portugal Mais Meu

Carina Pereira
Sou Portuguesa. Nasci na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, em ’87. Hoje vivo na Bélgica e hoje o cante Alentejano foi eleito Património Imaterial da Unesco.Nunca fui de mostrar grandes saudades, de deixar o adeus a meio. Deixei Portugal porque quis, e foi melhor assim. Mas o Português cá fora sabe melhor. O Português cá fora entranha-se na aprendizagem de uma língua nova, no enrolar dos sons guturais e da incompreensão. Portugal torna-se mais nosso, mais orgulhoso de si mesmo. Portugal, de que nos queixamos e estamos tão cheios, de repente falta-nos nos trocadilhos que não fazem sentido e no esforço de traduzir, sem graça, os nossos. Falta-nos na troca da torrada e natinha com o galão por uma chávena bem servida de café aguado e bolachinhas boas. Falta-nos na corrida às lojas para vir de mãos vazias de coisas que tinhamos como certas e nem sequer dávamos valor. Falta-nos como a palavra saudade falta a tantos.A música que nos chega aqui como um filho pródigo a quem nunca vestimos túnica, vem nas ondas do éter para desinfectar a ferida, mas ao mesmo tempo colocar-lhe sal. São tantos, alguns tão novos, mas tão bons. Nem sei por onde começar mas como sou parcial, vou pelos meus favoritos, sem ordem certa. António Zambujo. Camané. Ana Moura. Rui Velozo e Mariza. E os jovens também, que já têm um posto merecido: Miguel Araújo, Luísa Sobral, e tantos de quem não me esqueço mas faço de conta para a lista ficar curta. As cantigas estoiram nas aparelhagens, – eu nem sequer tenho rádio em casa, mas aparelhagem é bem mais romântico que mp3 – mas vêm aquecer o coração com um sussurro familiar. Estas palavras eu conheço, mesmo que às vezes tenha de puxar por um dicionário para saber na íntegra o que significam, e são minhas por direito. São lamechas, ridículas, como todas as cartas de amor, mas são minhas, com pronomes possessivos, artigos demonstrativos. Esta é a minha saudade, e só eu a tenho.A minha melancolia vem da falta do que em Portugal tinha com fartura. Do perceber que os vocábulos que eu pronunciei a jorros durante anos, podem ser conjugados tão subtilmente, que de repente o Português se torna mais do que uma língua. É um espólio pessoal, uma amálgama de quadras soltas e castiças que tantas vezes se escondem em fados corridinhos, acompanhados de palmas e ovações de pé mais do que merecidas.Cá fora, tudo se torna mais nosso, porque o orgulho das coisas que os outros não entendem em muito ultrapassa o embaraço das coisas que nos fizeram partir. Cá fora somos todos mais Amália, porque a emoção da nossa música toca até as almas dos que não compreendem as letras.Não deixaria de acenar um adeus a Portugal se tivesse de tomar de novo essa decisão hoje. Mas gostaria de ter amado mais o que era meu quando ainda estava à distância de uma viagem de carro, do abrir da porta de uma padaria, do comprar de um bilhete para o Coliseu.

Carina Pereira

in "Crónicas Ao Acaso"

Qui | 27.11.14

Ah, música

Carina Pereira
Dou por mim a ver a minha criatividade a ser influenciada por tudo o que ouço, desde programas de rádio a músicas. No outro dia no trabalho - e suponho porque ando a ouvir tanta música Portuguesa ultimamente - umas letras vieram-me à cabeça, assim como uma melodia, baixa e indecifrável. Não sei tocar nenhum instrumento musical, por isso compôr torna-se dfícil. Estou a tratar da melodia com o único instrumento que possuo, que é a minha voz. Não é uma voz que cure tristezas, mas dá-me jeito mesmo assim.Amanha, se tudo correr bem e conseguir decorar a melodia toda e fazer a gravação, talvez coloque aqui um link para ouvirem no que é que isto deu. A letra deixo-a aqui para já. Ainda sem titulo, e para ser cantada a duas vozes.*Vou devagarinho pela ruaPara não perder o NorteHoje vais ser meu e eu vou ser tuaVamos fazer a nossa sorteVou devagarinho a olhar p’ró céuCom o peito incandescenteHoje vais ser minha e eu vou ser teuPois o coração não mente
Se o meu pai descobre vai ficar zangadoSe a minha mãe sabe fica o caso arrumadoMas já não sou uma criançaHoje trocamos alianças
Os papéis já estão tratadosFalei com o padre da freguesiaPrometeu guardar segredoDizer uma bonita homilía
Vou devagarinho pela ruaCom o peito incandescenteConto os passos da minha casa até à tuaDe nada desconfia esta genteVou devagarinho a olhar p’ro céuPara não perder o norteSei de cor os passos que me levam até tiAté ao teu abraço forte
O meu irmão emprestou-me o fatoA tua irmã comprou os anéisNão são muitos os que sabemSó os nossos mais fiéis
Convidamos dois amigosVêm para testemunharVão levar a boa novaOnde ela tem de chegar
Vou devagarinho pela ruaPara não perder o norteAgora és meu e eu sou tuaFizemos a nossa sorteVou devagarinho a olhar p’ró céuCom o peito incandescenteAgora és minha e eu sou teuE é para o todo o sempre
Disseste que era eternoE eu piamente acrediteiE quase ao fim de uma vida inteiraAinda é verdade meu bem
Vou devagarinho pela ruaAo encontro do meu norteHoje ainda és meu e eu sou tuaFoste mesmo a minha sorteVou devagarinho a olhar p’ró céuPeito ainda incandescenteHoje ainda és minha e eu sou teuE vai ser assim p’ra sempre
E vai ser assim p’ra sempreE vai ser assim p’ra sempre
Carina Pereira*por favor não usem sem permissão. 
Qui | 27.11.14

Ah, música

Carina Pereira
Dou por mim a ver a minha criatividade a ser influenciada por tudo o que ouço, desde programas de rádio a músicas. No outro dia no trabalho - e suponho porque ando a ouvir tanta música Portuguesa ultimamente - umas letras vieram-me à cabeça, assim como uma melodia, baixa e indecifrável. Não sei tocar nenhum instrumento musical, por isso compôr torna-se dfícil. Estou a tratar da melodia com o único instrumento que possuo, que é a minha voz. Não é uma voz que cure tristezas, mas dá-me jeito mesmo assim.Amanha, se tudo correr bem e conseguir decorar a melodia toda e fazer a gravação, talvez coloque aqui um link para ouvirem no que é que isto deu. A letra deixo-a aqui para já. Ainda sem titulo, e para ser cantada a duas vozes.*Vou devagarinho pela ruaPara não perder o NorteHoje vais ser meu e eu vou ser tuaVamos fazer a nossa sorteVou devagarinho a olhar p’ró céuCom o peito incandescenteHoje vais ser minha e eu vou ser teuPois o coração não mente
Se o meu pai descobre vai ficar zangadoSe a minha mãe sabe fica o caso arrumadoMas já não sou uma criançaHoje trocamos alianças
Os papéis já estão tratadosFalei com o padre da freguesiaPrometeu guardar segredoDizer uma bonita homilía
Vou devagarinho pela ruaCom o peito incandescenteConto os passos da minha casa até à tuaDe nada desconfia esta genteVou devagarinho a olhar p’ro céuPara não perder o norteSei de cor os passos que me levam até tiAté ao teu abraço forte
O meu irmão emprestou-me o fatoA tua irmã comprou os anéisNão são muitos os que sabemSó os nossos mais fiéis
Convidamos dois amigosVêm para testemunharVão levar a boa novaOnde ela tem de chegar
Vou devagarinho pela ruaPara não perder o norteAgora és meu e eu sou tuaFizemos a nossa sorteVou devagarinho a olhar p’ró céuCom o peito incandescenteAgora és minha e eu sou teuE é para o todo o sempre
Disseste que era eternoE eu piamente acrediteiE quase ao fim de uma vida inteiraAinda é verdade meu bem
Vou devagarinho pela ruaAo encontro do meu norteHoje ainda és meu e eu sou tuaFoste mesmo a minha sorteVou devagarinho a olhar p’ró céuPeito ainda incandescenteHoje ainda és minha e eu sou teuE vai ser assim p’ra sempre
E vai ser assim p’ra sempreE vai ser assim p’ra sempre
Carina Pereira*por favor não usem sem permissão. 
Qua | 26.11.14

Por Onde Os Outros Não Vão

Carina Pereira

Inspirado por "Cântico Negro" de José Régio.

Não me digas que tenho de seguir viagem,

Que não posso voltar, mesmo que queira.

Pouso as minhas malas, deixo tudo na estrada

Vou para onde vou, à minha maneira.

Não digas que os meus passos estão errados

Que as minhas decisões são egoístas.

Pego em mim mesma, no que de mim resta,

Vou para onde quiser, até vos perder de vista.

Não digas que não posso saltar muros,

Que não posso contornar obstáculos,

Que sou fraca, demasiado inocente.

Vou para onde me leva a minha própria escolha

Para onde voam os meus sonhos

A quem quer que me tente parar, eu faço frente.

Não me digas que não posso decidir o caminho,

Que tenho de ser tudo o que os outros são.

Posso me perder, gastar mil anos a descobrir a minha terra

Mas hei-de ir por onde os outros não vão!

Carina Pereira

in "Cinco Mil Rasgos De Admiração"

Qua | 26.11.14

Por Onde Os Outros Não Vão

Carina Pereira

Inspirado por "Cântico Negro" de José Régio.

Não me digas que tenho de seguir viagem,

Que não posso voltar, mesmo que queira.

Pouso as minhas malas, deixo tudo na estrada

Vou para onde vou, à minha maneira.

Não digas que os meus passos estão errados

Que as minhas decisões são egoístas.

Pego em mim mesma, no que de mim resta,

Vou para onde quiser, até vos perder de vista.

Não digas que não posso saltar muros,

Que não posso contornar obstáculos,

Que sou fraca, demasiado inocente.

Vou para onde me leva a minha própria escolha

Para onde voam os meus sonhos

A quem quer que me tente parar, eu faço frente.

Não me digas que não posso decidir o caminho,

Que tenho de ser tudo o que os outros são.

Posso me perder, gastar mil anos a descobrir a minha terra

Mas hei-de ir por onde os outros não vão!

Carina Pereira

in "Cinco Mil Rasgos De Admiração"

Dom | 23.11.14

Magnetismo

Carina Pereira

Trocámos olhares e eu vi

O meu futuro ali espelhado.

No breve esgar do teu sorriso,

Na força do teu subtil abraço.

Eras um íman; E eu era ferro!

Ferro carente de amor e de ternura.

As nossas mãos, incandescentes, sucumbiram,

Arrancaram vidas, desfizeram passados, misturaram-se numa.

Marcaste-me o peito, queimaste-o como lava

E tornamo-nos escravos do amor.

Éramos pólos opostos, atracção que não se trava,

Éramos poder desenfreado, arrebatador.

Dá-me a mão, vem comigo.

Eu sei que somos os dois um elemento, feitos do mesmo…

Somos ferro líquido, alquimia, magia

Somos, inevitavelmente, puro, doce magnetismo…

Carina Pereira

in "Cinco Mill Rasgos De Admiração"

Dom | 23.11.14

Magnetismo

Carina Pereira

Trocámos olhares e eu vi

O meu futuro ali espelhado.

No breve esgar do teu sorriso,

Na força do teu subtil abraço.

Eras um íman; E eu era ferro!

Ferro carente de amor e de ternura.

As nossas mãos, incandescentes, sucumbiram,

Arrancaram vidas, desfizeram passados, misturaram-se numa.

Marcaste-me o peito, queimaste-o como lava

E tornamo-nos escravos do amor.

Éramos pólos opostos, atracção que não se trava,

Éramos poder desenfreado, arrebatador.

Dá-me a mão, vem comigo.

Eu sei que somos os dois um elemento, feitos do mesmo…

Somos ferro líquido, alquimia, magia

Somos, inevitavelmente, puro, doce magnetismo…

Carina Pereira

in "Cinco Mill Rasgos De Admiração"

Seg | 03.11.14

Que Não Sei Quê

Carina Pereira

Que Não Sei Quê é o podcast do blog, com um convidado diferente a cada quinzena. 

Todos os episódios disponíveis no canal de youtube, neste link

 

Tudo acerca do podcast, na tag Que Não Sei Quê

 

Para mais informações, ou se pretendes fazer parte deste podcast, envia e-mail para:

contadordestoriasblog@gmail.com

 

Links para os episódios:

Intro

Episódio #1

Sab | 01.11.14

Sobre Mim

Carina Pereira

 

 

Sou Portuguesa, nasci em ’87 e vivo na Bélgica desde 2011.

 

Desde que fui capaz de juntar as primeiras letras que me recordo de escrever pequenas quadras. Gradualmente, as quadras foram-se tornando poemas e, mais tarde, também as narrativas passaram a fazer parte dos meus escritos.

 

Este blog é uma mixórdia das coisas que fazem parte da minha vida e criei-o com ânsia de recomeço, porque a certo ponto me afastei inconscientemente da minha própria língua. Como boa portuguesa que sou, este blog começou com a saudade, a saudade que eu tinha de escrever em Português. Nele alojam-se narrativas, poesias e músicas.

 

Acomodem-se.
*
contadordestoriasblog@gmail.com

https://www.facebook.com/contadordestoriasblog