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Contador D'Estórias

Um blog com estórias dentro.

Contador D'Estórias

Um blog com estórias dentro.

Ter | 15.03.16

Sob Um Céu Escarlate I

Carina Pereira
Era Verão, daqueles em que quando o sol se deita o horizonte vira escarlate, como que em brasa.Quando desci do avião, vinha meio zonza; tinha tomado um comprimido para dormir – o primeiro da minha vida – para descansar do medo e do aborrecimento. O livro que levara para ler dormitou também a viagem toda no meu colo, não-lido.A primeira coisa que reparei, quando assentei pés no chão, foi a imensidão do céu. Um céu muito diferente do que eu costumava olhar, do que costumava (...)
Ter | 15.03.16

Sob Um Céu Escarlate I

Carina Pereira
Era Verão, daqueles em que quando o sol se deita o horizonte vira escarlate, como que em brasa.Quando desci do avião, vinha meio zonza; tinha tomado um comprimido para dormir – o primeiro da minha vida – para descansar do medo e do aborrecimento. O livro que levara para ler dormitou também a viagem toda no meu colo, não-lido.A primeira coisa que reparei, quando assentei pés no chão, foi a imensidão do céu. Um céu muito diferente do que eu costumava olhar, do que costumava (...)
Dom | 13.03.16

Palavras

Carina Pereira
Perdi as palavras.Na ânsia de te escrever coisas bonitas e de fazer ver aos outros o que só eu via em ti, dei-as todas. Como oferendas, presentes que eu cuidadosamente enlaçava, para que fossem apenas teus. Pertencem-te, todas elas.Quem diz que as palavras não se gastam é porque não sabe o que é ter de arrastá-las através de becos e ruas de ninguém até elas verem o dia, sem uma única alavanca, sistema de atrito, que lhes dê algum alívio. Quem diz que as palavras não se (...)
Dom | 13.03.16

Palavras

Carina Pereira
Perdi as palavras.Na ânsia de te escrever coisas bonitas e de fazer ver aos outros o que só eu via em ti, dei-as todas. Como oferendas, presentes que eu cuidadosamente enlaçava, para que fossem apenas teus. Pertencem-te, todas elas.Quem diz que as palavras não se gastam é porque não sabe o que é ter de arrastá-las através de becos e ruas de ninguém até elas verem o dia, sem uma única alavanca, sistema de atrito, que lhes dê algum alívio. Quem diz que as palavras não se (...)
Qua | 02.03.16

Sad British Pop Music

Carina Pereira
Chegaste de sorriso nos lábios e olhos contentes por me ver. Abri-te a porta de minha casa e espreitei para a caixa de cartão que carregavas nos braços; discos, de bandas que eu mal conhecia na altura e que agora sei de cor. E não só os nomes, mas as músicas, as letras, cada entrelinha por contar que tu encontravas ao escutá-las. Música triste, na sua maioria, de sotaque britânico e dialectos que eu mal entendia.Sentámo-nos os dois no chão da sala, encostados ao sofá e um ao (...)
Qua | 02.03.16

Sad British Pop Music

Carina Pereira
Chegaste de sorriso nos lábios e olhos contentes por me ver. Abri-te a porta de minha casa e espreitei para a caixa de cartão que carregavas nos braços; discos, de bandas que eu mal conhecia na altura e que agora sei de cor. E não só os nomes, mas as músicas, as letras, cada entrelinha por contar que tu encontravas ao escutá-las. Música triste, na sua maioria, de sotaque britânico e dialectos que eu mal entendia.Sentámo-nos os dois no chão da sala, encostados ao sofá e um ao (...)
Qua | 03.02.16

Sob Um Tecto Quase Branco

Carina Pereira
Parte I O tecto acima de mim era branco. Bem, quase. Havia lá marcas que nenhum de nós conseguira apagar naquela sexta-feira de férias em que o pintámos a dois. Não foi, como os ecrãs de cinema nos mostram tantas vezes, um pintar cheio de risos e caras sujas, mas felizes. Aborrecemo-nos, porque estávamos cansados depois de uma semana de mudanças que ainda nem sequer estavam terminadas, zangámo-nos porque férias não era sinónimo daquilo, e acabamos a jantar frente-a-frente sem (...)
Qua | 03.02.16

Sob Um Tecto Quase Branco

Carina Pereira
Parte I O tecto acima de mim era branco. Bem, quase. Havia lá marcas que nenhum de nós conseguira apagar naquela sexta-feira de férias em que o pintámos a dois. Não foi, como os ecrãs de cinema nos mostram tantas vezes, um pintar cheio de risos e caras sujas, mas felizes. Aborrecemo-nos, porque estávamos cansados depois de uma semana de mudanças que ainda nem sequer estavam terminadas, zangámo-nos porque férias não era sinónimo daquilo, e acabamos a jantar frente-a-frente sem (...)
Ter | 26.01.16

O Vendedor De Partes Soltas

Carina Pereira
Lúcia limpou bem os pés no tapete pousado à porta antes de a abrir e, anunciada pelo toque da campainha, entrar na loja. Era uma loja que, sem ser grande, nem pequena, estava coberta a toda a volta por armários de madeira escura e mal polida. Os armários, esses, continham gavetinhas, gavetas e gavetões, e de dentro delas parecia pulsar a própria vida.Não era mentira. Pulsava.O vendedor de partes apareceu de lá do fundo, que é de onde todos os vendedores de lojas assim, sem serem (...)
Ter | 26.01.16

O Vendedor De Partes Soltas

Carina Pereira
Lúcia limpou bem os pés no tapete pousado à porta antes de a abrir e, anunciada pelo toque da campainha, entrar na loja. Era uma loja que, sem ser grande, nem pequena, estava coberta a toda a volta por armários de madeira escura e mal polida. Os armários, esses, continham gavetinhas, gavetas e gavetões, e de dentro delas parecia pulsar a própria vida.Não era mentira. Pulsava.O vendedor de partes apareceu de lá do fundo, que é de onde todos os vendedores de lojas assim, sem serem (...)
Ter | 19.01.16

Logo, Logo

Carina Pereira
Ela mexe-se no leito, desperta calmamente do seu sono leve, e não sabe o que a acordou. Se a brisa que entra pela janela aberta, resguardada apenas pelo delicado algodão das cortinas, se um sonho de que não se lembra. Lá fora as cigarras cantam contra o orvalho nocturno. Abre os olhos, fitando a janela, e antevê a lua lá no alto, auréola de luz amarela, parece um brinco colocado na orelha do céu.Ele beija-lhe o ombro despido e ela sobressalta-se, antes de o reconhecer por sentido. (...)
Ter | 19.01.16

Logo, Logo

Carina Pereira
Ela mexe-se no leito, desperta calmamente do seu sono leve, e não sabe o que a acordou. Se a brisa que entra pela janela aberta, resguardada apenas pelo delicado algodão das cortinas, se um sonho de que não se lembra. Lá fora as cigarras cantam contra o orvalho nocturno. Abre os olhos, fitando a janela, e antevê a lua lá no alto, auréola de luz amarela, parece um brinco colocado na orelha do céu.Ele beija-lhe o ombro despido e ela sobressalta-se, antes de o reconhecer por sentido. (...)
Qui | 19.11.15

Adeus

Carina Pereira
Quando demos as mãos naquele Setembro ainda quente, sabíamos que os dias eram contados e fomos com a promessa de que o adeus era uma certeza. Prometemos, ali mesmo, de costas sobre os lençóis ainda quentes, e olhos fixos no tecto branco, que não viveríamos cada dia como se fosse o nosso último. Nós sabíamos quando o nosso último dia seria, por isso o melhor era viver este amor como se não fosse acabar. Afinal, quando só há uma promessa num tempo sem promessas, de nada vale (...)
Seg | 22.06.15

Maria Clara, A Pequena Detective

Carina Pereira
Agora que o concurso do Pingo Doce já acabou e que eu, obviamente, não ganhei, já posso publicar a história que escrevi para nele participar. É muito simples e certamente pequena para um concurso com este calibre, mas na altura foi o que consegui escrever. Histórias infantis são difíceis!*Maria Clara, a Pequena Detective Nessa manhã Maria Clara tinha-se levantado para o rebuliço do dia. Normalmente, gostava de acordar e ouvir os pássaros a cantarem, deixar-se espreguiçar como (...)
Seg | 22.06.15

Maria Clara, A Pequena Detective

Carina Pereira
Agora que o concurso do Pingo Doce já acabou e que eu, obviamente, não ganhei, já posso publicar a história que escrevi para nele participar. É muito simples e certamente pequena para um concurso com este calibre, mas na altura foi o que consegui escrever. Histórias infantis são difíceis!*Maria Clara, a Pequena Detective Nessa manhã Maria Clara tinha-se levantado para o rebuliço do dia. Normalmente, gostava de acordar e ouvir os pássaros a cantarem, deixar-se espreguiçar como (...)