Guitarras Portuguesas
Uma tem brincos de lágrima,
A outra, no alfinete, um caracol
E o meu coração vai balançando,
Não sabe se a Norte ou se a Sul.
Trinam a modos de pranto
E dizem, baixinho, entre as cordas,
Vem até mim, vem, meu Fado,
Vamos cantar cantigas novas.
Uma tem livros na lapela,
A outra sete colinas;
Se chora é o cantar do estudante,
Se carpe é o pregão da varina.
Numa sou fado menor,
A outra serenatas faço;
Falam-me as duas de amor,
Tom acima ou tom abaixo.
São as minhas Portuguesas,
De Coimbra ou de Lisboa,
E nelas sou Fado sentido,
Sou Choupal e Madragoa.
Carina Pereira, 26 de Junho de 2015
*um poema à guitarra de Lisboa e à guitarra de Coimbra, e ao Fado que as toca.