Dom | 06.09.15
As Coisas Que Me Passam Pela Cabeça
Carina Pereira
Esta semana comecei a trabalhar numa nova casa, na Quinta-feira de tarde. A casa é grande, mas bastante ampla e arrumada, a cliente é mãe de duas meninas - uma de dois anos e uma de cinco meses - e uma simpatia de pessoa. Fizeram-se as apresentações e o que se pretendia de mim, e meti mãos á obra.Tratava eu do primeiro andar da casa quando entro no quarto da pequenota de dois anos, e me apercebo que a entrada tem a mesma protecção que as escadas: aquelas grades de ferro para impedir as crianças de passar para o outro lado e caírem.Achei um pouco estranho terem colocado uma grade à porta do quarto, nunca tal tinha visto. Afinal, a miúda ainda é pequenita e embora seja possível que ela já consiga chegar às maçanetas da porta, e mesmo sendo estas fáceis de abrir, duvido que ela se magoasse com alguma coisa. Nenhum dos quartos lá em cima, nem mesmo a casa de banho, tinha objectos perigosos à vista. De resto, as escadas de acesso ao sótão e as que a levariam ao andar de baixo têm a mesma exacta protecção.Enquanto revirava em pensamento o zelo daqueles pais, ocorreu-me que caso a miúda precisasse de chamar por alguém e saísse da cama para o fazer, não conseguiria ir ao quarto deles. A casa tem intercomunicadores nas divisões mais importantes, por isso ouvi-la-iam na certa, mas ela não conseguiria sair do quarto sozinha. E então, fez-se luz na minha cabeça, mas a luz que se fez embaciou-se de malandrice: talvez aquela protecção fosse mais pelo bem dos pais do que da filha, de certa forma. Talvez fosse a forma de impedir que a miúda os interrompesse às duas da manhã, quando já devia estar tudo a dormir, mas os pais aproveitam o sono das crianças para levantar fervura à relação.Ri-me para com os meus botões, por me ter sequer ocorrido esta hipótese. Mas, se é o caso, louros para eles, ideia mais do que engenhosa. Se não é, e se serve para proteger a menina mais nova - que dorme no quarto ao lado - das possíveis atenções fora de horas da irmã, lamento a minha mente libertina.Fica o apontamento, no entanto, para futura referência. ;)Carina Pereira
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