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Contador D'Estórias

Um blog com estórias dentro.

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Sex | 24.04.15

Crónica #2

Carina Pereira
27 de Janeiro de 2005"Porquê? Porque é que tinhas de me deixar? Porquê agora, depois de me teres dito que o mundo era de nós os dois e estava na palma da nossa mão, que o sol nascia para me ver acordar de manhã e que um dia a lua tivera luz própria mas que essa luz estava agora nos meus olhos? Porque é que me tinhas de encher a vida e, principalmente, o coração de ilusões e de um amor que ele não consegue agora esquecer? Porque é que tens de ter esses olhos meigos e da cor do mel, porque é que me fizeste habituar à ideia de acordar e sentir os teus cabelos loiros a caírem de encontro às minhas pestanas e a tua mão a fazer-me festas no ombro? Porque sabias sempre o que dizer e porque é que parecia que tudo era real quando falavas, como quando me convenceste que um dia viajaríamos os dois pelo mundo, sem rumo nem objectivo,ao som de Phil Collins, enquanto me cantavas ao ouvido Against All Odds, que nos chegaríamos um ao outro porque o nosso amor nunca iria acabar? E porque é que me amaste deveras e acreditaste, enquanto me cantavas ao ouvido, em tudo o que disseste, em como iríamos dar uma volta ao mundo, em como seriam os teus olhos que eu iria ver todos os dias ao acordar e tu os meus, em como deslizarias a tua mão pelo meu cabelo e, como sempre, pelo meu ombro e finalmente entrelaçaríamos as mãos? Porque é que realmente me quiseste para partilhar uma vida e julgaste que iríamos, juntos, ser para sempre um só? Porque é que isso não era, pelo menos para ti, uma simples mentira? Seria tudo muito mais fácil. Porque eu não estaria agora aqui a rebentar em lágrimas e a molhar a tua fotografia e a lembrar o momento em que acabámos por uma parvoíce grande o suficiente para destruir a nossa vida. Porque seria muito mais fácil saber que acabei porque tinhas sido um sacana em vez do cavalheiro que sempre foste. E, principalmente, porque estaria aqui a chorar agora porque me enganaste e te odeio, em vez de chorar porque qualquer um de nós é orgulhoso demais para pedir desculpa."

Carina Pereira

* Esta crónica foi dactilografada tal como estava escrita em 2005.

Sex | 24.04.15

Crónica #2

Carina Pereira
27 de Janeiro de 2005"Porquê? Porque é que tinhas de me deixar? Porquê agora, depois de me teres dito que o mundo era de nós os dois e estava na palma da nossa mão, que o sol nascia para me ver acordar de manhã e que um dia a lua tivera luz própria mas que essa luz estava agora nos meus olhos? Porque é que me tinhas de encher a vida e, principalmente, o coração de ilusões e de um amor que ele não consegue agora esquecer? Porque é que tens de ter esses olhos meigos e da cor do mel, porque é que me fizeste habituar à ideia de acordar e sentir os teus cabelos loiros a caírem de encontro às minhas pestanas e a tua mão a fazer-me festas no ombro? Porque sabias sempre o que dizer e porque é que parecia que tudo era real quando falavas, como quando me convenceste que um dia viajaríamos os dois pelo mundo, sem rumo nem objectivo,ao som de Phil Collins, enquanto me cantavas ao ouvido Against All Odds, que nos chegaríamos um ao outro porque o nosso amor nunca iria acabar? E porque é que me amaste deveras e acreditaste, enquanto me cantavas ao ouvido, em tudo o que disseste, em como iríamos dar uma volta ao mundo, em como seriam os teus olhos que eu iria ver todos os dias ao acordar e tu os meus, em como deslizarias a tua mão pelo meu cabelo e, como sempre, pelo meu ombro e finalmente entrelaçaríamos as mãos? Porque é que realmente me quiseste para partilhar uma vida e julgaste que iríamos, juntos, ser para sempre um só? Porque é que isso não era, pelo menos para ti, uma simples mentira? Seria tudo muito mais fácil. Porque eu não estaria agora aqui a rebentar em lágrimas e a molhar a tua fotografia e a lembrar o momento em que acabámos por uma parvoíce grande o suficiente para destruir a nossa vida. Porque seria muito mais fácil saber que acabei porque tinhas sido um sacana em vez do cavalheiro que sempre foste. E, principalmente, porque estaria aqui a chorar agora porque me enganaste e te odeio, em vez de chorar porque qualquer um de nós é orgulhoso demais para pedir desculpa."

Carina Pereira

* Esta crónica foi dactilografada tal como estava escrita em 2005.

Sex | 24.04.15

Relíquias

Carina Pereira
E aqui vos deixo mais uma letra/música original.Andei às voltas com a letra durante uns dias, e quando fui fazer a melodia para a acompanhar não consegui nada de jeito, pelo menos não era exactamente isto que eu queria. Mas, como as minhas técnicas de tocadoria de guitarra ainda são toscas, foi o melhor que consegui. Aliás, eu até queria tocar isto tudo em B menor e A mas ainda não consigo trocar bem entre acordes quando uso acordes barrados, por isso optei por esta versão mais simples, que consigo tocar melhor.Sem me alongar mais, fica aqui a letra e o link para ouvirem a melodia. Os acordes são sempre A e Em, excepto nas três últimas frases da "ponte" antes do último refrão, onde usei também Dm, Am e E, com o transpositor (capo) no primeiro traste.*Ouvir Aqui*Ele escolheu os melhores brincos da vitrineDesejando penhorar seu coraçãoDe bolsos vazios não entendiaQue ela só ansiavaPelo compromisso da sua atenção
Ela esperava com versos e quadras soltasQue ele destrocasse os olhares que lhe lançavaE num golpe de sorteUsasse as suas mãos vazias para recolherO amor que nela sobejava
E o amor andava à esperaPara poder acontecerQue as relíquias deste mundoNão têm valor que se possa escrever
Ele usou cadernos e folhas soltasAnsiando poder encontrarAs palavras que morriam na sua bocaQue a pudessem prenderE amar, amar,  amar
E a vida dela era já um barco à velaE ele o porto onde ela queria atracarSe ele adivinhasseQue as poesias eram vãsQue ela só queria o corpo delePara navegar
E o amor andava à esperaPara poder acontecerQue as relíquias deste mundoNão têm valor que se possa escrever
E nos desencontrosDas palavras não ditasDo passo em frente que não se atreve a darFicam os brincos na vitrineFicam as palavras por contarE ficam os doisPara depoisE fica o amor sem se confessar
O amor andava à esperaPara poder acontecerQue as relíquias deste mundoNão têm valor que se possa escrever

*

Carina Pereira

Sex | 24.04.15

Relíquias

Carina Pereira
E aqui vos deixo mais uma letra/música original.Andei às voltas com a letra durante uns dias, e quando fui fazer a melodia para a acompanhar não consegui nada de jeito, pelo menos não era exactamente isto que eu queria. Mas, como as minhas técnicas de tocadoria de guitarra ainda são toscas, foi o melhor que consegui. Aliás, eu até queria tocar isto tudo em B menor e A mas ainda não consigo trocar bem entre acordes quando uso acordes barrados, por isso optei por esta versão mais simples, que consigo tocar melhor.Sem me alongar mais, fica aqui a letra e o link para ouvirem a melodia. Os acordes são sempre A e Em, excepto nas três últimas frases da "ponte" antes do último refrão, onde usei também Dm, Am e E, com o transpositor (capo) no primeiro traste.*Ouvir Aqui*Ele escolheu os melhores brincos da vitrineDesejando penhorar seu coraçãoDe bolsos vazios não entendiaQue ela só ansiavaPelo compromisso da sua atenção
Ela esperava com versos e quadras soltasQue ele destrocasse os olhares que lhe lançavaE num golpe de sorteUsasse as suas mãos vazias para recolherO amor que nela sobejava
E o amor andava à esperaPara poder acontecerQue as relíquias deste mundoNão têm valor que se possa escrever
Ele usou cadernos e folhas soltasAnsiando poder encontrarAs palavras que morriam na sua bocaQue a pudessem prenderE amar, amar,  amar
E a vida dela era já um barco à velaE ele o porto onde ela queria atracarSe ele adivinhasseQue as poesias eram vãsQue ela só queria o corpo delePara navegar
E o amor andava à esperaPara poder acontecerQue as relíquias deste mundoNão têm valor que se possa escrever
E nos desencontrosDas palavras não ditasDo passo em frente que não se atreve a darFicam os brincos na vitrineFicam as palavras por contarE ficam os doisPara depoisE fica o amor sem se confessar
O amor andava à esperaPara poder acontecerQue as relíquias deste mundoNão têm valor que se possa escrever

*

Carina Pereira